domingo, 22 de novembro de 2009

EDUCAÇÃO DE SURDOS


“Se não tivéssemos voz, nem língua, mas apesar disso desejássemos manifestar coisas uns para os outros, não deveríamos, como as pessoas que hoje são mudas, nos empenhar em indicar o significado pelas mãos, cabeça e outras partes do corpo?”
(Filósofo Sócrates)
A luta pela inclusão educacional é questionada por muitos surdos devido a estes permanecerem sob o poder de professores ouvintes, dentre os quais, muitos não possuem o domínio da Língua de Sinais. Surge então uma exclusão no que se refere à efetiva participação e autonomia do aluno surdo em aula, mascarada pelo conceito de inclusão (MOURA 2000).
O ouvinte não tem uma dimensão do mundo e da cultura do surdo, não sabendo muitas vezes de que forma se processa o aprendizado destas pessoas e também sem entender que muitas vezes o que se chama de inclusão hoje em dia pode acabar virando uma exclusão, pois o aluno está inserido no mundo dos ouvintes, sem muitas vezes ter uma compreensão do que se passa ao seu redor e sem ter um conhecimento da Língua Portuguesa, da sua estrutura e também por vezes sendo dono de um vocabulário tão reduzido que é incapaz de escrever um simples bilhete.
Acredito que é de extrema importância que as escolas que recebem os surdos tenham a preocupação de darem toda a estrutura para que eles necessitem para realmente aprenderem, respeitar a língua de sinais como sua primeira língua e o estudo da Língua Portuguesa como seu segundo idioma. O estudo da Língua Portuguesa como forma de acesso de qualidade aos conteúdos curriculares, leitura e escrita, sem depender da oralidade.
Além disso, é muito importante que a aula seja ministrada por um professor surdo, pois este além de servir como um modelo de adulto surdo tem também um conhecimento da cultura surda, maior intimidade com a língua de sinais criando assim um ambiente propício para a aprendizagem, pois assim os alunos terão uma intimidade e um vínculo maior com o professor, ainda mais que muitos alunos surdos possuem pais ouvintes que não possuem uma boa comunicação com os filhos devido à barreira da linguagem.
Uma mudança já parece se desenhar com a inclusão da Língua de Sinais nos cursos de licenciatura, onde os futuros professores têm um conhecimento maior da cultura surda, dos processos de aprendizagem do aluno surdo e conhecimentos elementares da língua o que pelo menos dá uma visão diferente ao professor na hora de ensinar o aluno e uma compreensão do seu mundo e modo de aprender.

Um comentário:

celilutz1 disse...

Olá Grace:
São muito significativas as reflexões que trazes. Ainda poderíamos continuar pensando... Colocas, por exemplo: “Acredito que é de extrema importância que as escolas que recebem os surdos tenham a preocupação de darem toda a estrutura para que eles necessitem para realmente aprenderem...”. Tens alguma vivência que gostarias de compartilhar que pudesse servir de evidência e/ou argumento? Algum autor/texto estudado até então poderia fundamentar a tua crença?
Abração.
Celi