terça-feira, 15 de junho de 2010

Semana 9

Nesta semana chego ao fim de mais uma etapa da minha, menos feliz do que esperava e pensava, mas realizada por conseguir mostrar um pouco do trabalho realizado por mim. Frustrada por não ter feito tudo que planejei, principalmente na área das mídias e tecnologias, mas feliz por aquilo que consegui fazer.

Planejar, esquematizar, prever determinados conteúdos, aula e situações é muito bom, aliás, não é somente bom, mas sim essencial para a realização de um bom trabalho. No entanto, é de extrema importância que este planejamento seja flexível, pois como estamos lidando com pessoas, estamos sujeitos a imprevistos. No início da minha carreira do magistério, não tinha esta visão e flexíbilidade o que acabava me deixando frustradíssima quando algo não acontecia como o planejado, acabava me cobrando muito e muitas vezes passando esta frustração para os alunos.
Segundo Gandin (2001, p. 83), "é impossível enumerar todos tipos e níveis de planejamento necessários à atividade humana. Sobretudo porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua racionalidade, a realizar algum tipo de planejamento, está sempre ensaiando processos de transformar suas idéias em realidade. Embora não o faça de maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a analisar a realidade a propor ações e atitudes para transformá-la."
Hoje em dia continuo não gostando quando as coisas não acontecem como planejo, mas agora tenho jogo de cintura para adaptar as situações da melhor forma possível e principlamente não me cobrar tanto como no início.
Nestas nove semanas de estágio, muitas coisas não aconteceram como havia previsto em meu projeto de estágio, mas acredito que as adaptações acabaram acontecendo de maneira natural e da melhor forma possível, mostrando que devemos estar preparadas para imprevístos e para a falta ou excesso de entusiamo dos alunos e que destes imprevistos tirar o melhor possível para crescermos como profissionais e também modificar o deve e pode ser modificado conforme as situações e a turma que é aplicada, pois nenhuma turma é igual a outra.
Referências Bibliograficas:
Posição do planejamento participativo entre as ferramentas de intervenção na realidade. Currículo sem Fronteira, v.1, n. 1, jan./jun., 2001, pp. 81-95.

domingo, 6 de junho de 2010

Semana oito


Esta semana, apesar de curta, logo na segunda-feira apresentou um situação que me deixou bem triste e abalada. Logo que cheguei a escola, depois de bater meu ponto, duas alunas vieram ao meu encontro, uma delas visivelmente triste e a outra com muita pena da colega. Minha aluna chegou até mim dizendo: "Prof., aconteceu uma tragédia com a minha família." Eu  a princípio achei que ela estava brincado, mas depois reparei os sinais de lágrimas do rosto dela e perguntei o que havia acontecido. Ela disse que seus pais haviam se separado e que o pai havia saido de casa.Sua mãe lhe falou que para ela o pai não voltaria mais. Neste momento ele começou a chorar novamente, então de uma forma muito delicada conversei com ela, dando-lhe a certeza que mesmo separados ambos continuariam a ser seu pai e sua mãe e que mesmo que o pai não voltasse mais para a mãe ele sempre voltaria para as filhas, pois ele havia deixado de ser marido mas continuava a ser pai. Abracei ela e continuei mais algum tempo consolando ela. Não sei se o que falei para ela trouxe algum alivio, mas durante a aula coloquei-a sentada na minha frente e notei que ela estava muito melhor.
Isto me fez questionar do papel do professor hoje em dia, pois ouve-se muito, principalmente na sala do professores, em momentos de frustração, que "estamos aqui para ensinar", "educação se dá em casa", "se tem problemas procure um médico" e outras coisas do tipo. Não consigo ser assim, não por não concordar com algumas, mas porque sou humana e não conseguiria deixar uma criança ou uma pessoa que viesse até mim, falando de um problema, sem pelo menos escutá-la. Fico pensando se estas pessoas que muitas vezes falam isso realmente pensam isso, ou em momentos de frustração, falam isso da boca para fora. Trabalhamos com seres humanos, estamos sujeitos a passarmos por momentos frustrantes, pois nem sempre as pessoas correspondem a nossas idéias com o entusiasmo ou com as respostas que esperamos, pois as pessoas são imprevisíveis, nem sempre reagem da forma que esperamos e é isso que nos diferencia das máquinas.
Segundo Gadotti (1998), "faz-se mister que o professor se assuma enquanto um profissional do humano, social e político, tomando partido e não sendo omisso, neutro, mas sim definindo para si de qual lado está, pois se apoiando nos ideais freireanos, ou se está a favor dos oprimidos ou contra eles. Posicionando-se então este profissional não mais neutro, pode ascender à sociedade usando a educação como instrumento de luta, levando a população a uma consciência crítica que supere o senso comum, todavia não o desconsiderando".
Na minha concepção, penso que estamos na vida destas crianças, não somente para ensinar os conteúdos, mas sim para orientar, para dar exemplos, pois deve ser frustrante passar pela vida de um aluno sem deixar pelo menos uma pequena marca ou lembrança.
“O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca." (FREIRE, 1996, p.73) 
Acredito que respeito se conquista e não se impõe, pois muitas vezes se ouve comentários a respeito de desrespeito por parte dos alunos, mas penso que isso se deve a muitas vezes a posturas autoritárias, a muitas vezes uma postura de donos da verdade que incomoda quem é o foco dela. Tratando com seres humanos estamos diante da lei da " ação e reação" e também, como já comentei do fato de sermos imprevisíveis e sujeitos a dias ruins.
“O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. (1994, p.250) 
Para finalizar um pensamento de Freire, que reflete um pouco do meu jeito de ser e tratar com os alunos, sou exigente, mas procuro ter uma postura próxima dos alunos, uso um pouco do carisma que acredito possuir para conquistá-los e de alguma forma realizar meu papel de professor. 
“... o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma ‘cantiga de ninar’. Seus alunos cansam não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.” (FREIRE, 1996, p.96)
Referências bibliográficas:
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
Gadotti, Moacir (1998): Pedagogia da práxis, 2.ª ed., São Paulo, Cortez.
LIBÂNEO, J. C.. Didática. São Paulo: Cortez, 1994