segunda-feira, 19 de outubro de 2009

NARRATIVA INFANTIL


Trabalho com 3ª e 4ª série, com idades que vão de 9 a 13 anos, percebo que durante as suas narrativas, mesmo já não misturando a fantasia com a realidade, a palavra falada não é suficiente para contar a história, eles necessitam além das palavras, muitos sons, vários gestos e uma coleção de caras e bocas. Nesta idade é possível perceber que as suas histórias possuem um sequência, elas têm início, meio e fim, o que muitas vezes não acontece com as crianças menores que não tem o mesmo desenvolvimento narrativo das crianças maiores.
Nós adultos também nos entregamos a uma história nos envolvendo de tal forma que muitas vezes não conseguimos separar a verdade da ficção, pois muitas vezes é possível perceber isso quando vemos adultos falando ou agindo da mesma forma que algum personagem de novela, filme ou livro.
Penso que é de extrema importância que as crianças sejam estimuladas a falar, contar histórias, deixar a sua imaginação voar alto, pois através deste exercício de narrar, contar algo ou criar narrativas as crianças vão desenvolvendo sua imaginação e principalmente sua expressão oral e sua visão sobre as coisas.

domingo, 4 de outubro de 2009

RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E OS ESPAÇOS DE EJA


Em sua opinião, qual é efetivamente a relação existente entre educação e trabalho quando se pensa sobre os espaços da EJA?

A educação de adultos é uma necessidade tanto na comunidade como nos locais de trabalho. À medida que a sociedade se desenvolve novas possibilidades de crescimento profissional surgem, mas, por outro lado, exigem maior qualificação e constante atualização de conhecimentos e habilidades.
O investimento em capital humano realizado pelas empresas procura provocar, intencionalmente, um processo de aumento dos padrões de competitividade e de produtividade no setor industrial. Dessa forma, a educação em empresas e pelas empresas vem se constituindo como uma alternativa para a manutenção da competitividade, tanto interna como externamente. E, ainda, ao participar de projetos educacionais, sejam eles enfatizando ações voltadas para a necessária redução dos índices de analfabetismo, seja por meio de programas de (re) qualificação profissional, as empresas estão ampliando suas possibilidades de reconhecimento nos padrões de qualidade total via a oferta educacional.
No que se refere ao acesso e permanência do trabalhador na escola, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9.394/96 – determina que:
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
(...)
VI- oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII- oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola.
Art. 37 A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
O que vemos acontecer é que apesar de estar assegurado o direito do jovem e adulto de estudar, percebe-se que a oferta não é tão grande assim por parte do poder público de proporcionar a estes estudantes uma escola que atenda os interesses destas pessoas e proporcionem qualificação. Vemos muitas empresas oferecendo a seus estudantes o ensino que seria obrigação do poder público para poder promover a qualificação destes trabalhadores.

CULTURA SURDA



Não conheço nenhuma pessoa surda e nunca tive contato com nenhuma, mas diariamente quando pego ônibus sempre vejo alguns jovens que também pegam ônibus que estudam na Escola São Mateus e sempre os observo conversando entre eles, com seus movimentos rápidos, suas expressões faciais e os gritos e risadas que ocasionalmente produzem, causando muito espanto nas pessoas que não estão acostumadas a ver surdos se comunicando.
Na verdade nunca pensei sobre esta questão de como faria para conversar com uma pessoa surda, mas com certeza se me visse obrigada e necessitada de me comunicar com uma tentaria escrever algo para que ela pudesse ler ou tentaria falar esperando que ela pudesse ler meus lábios, mas a única forma de eu entende-la seria se ela escrevesse o que quer dizer. Talvez por insegurança ou medo de não ser compreendida nunca me senti a vontade de tentar me comunicar com uma pessoa surda.

A questão de se colocar na posição do outro (do surdo) perpassa as questões identitárias e nos informa (pelo menos a meu ver) que os surdos não querem ser narrados pelos ouvintes.
PERLIN (1998: 57): é preciso manter estratégias para que a cultura dominante não reforce as posições de poder e privilégio. É necessário manter uma posição intercultural mesmo que seja de riscos. A identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual. Essa diferença precisa ser entendida não como uma construção isolada, mas como construção multicultural.

"A chave para uma boa comunicação com uma pessoa surda é o claro e apropriado contato visual. É uma necessidade, quando os surdos se comunicam. De fato, quando duas pessoas conversam em língua de sinais é considerado rude desviar o olhar e interromper o contato visual. E como captar a atenção de um surdo? Em vez de usar o nome da pessoa é melhor dar um leve toque no ombro ou no braço dela, acenar se a pessoa estiver perto, ou se estiver distante, fazer um sinal com a mão para outra pessoa chamar a atenção dela. Dependendo da situação, podem-se dar umas batidinhas no chão ou fazer piscar a luz. Esses e outros métodos apropriados de captar a atenção dão reconhecimento à experiência dos Surdos e fazem parte da cultura surda. Para aprender bem uma língua de sinais, precisa-se pensar nessa língua. É por isso que simplesmente aprender sinais de um dicionário de língua de sinais não seria útil em ser realmente eficiente nessa língua. Muitos aprendem diretamente com os que usam a língua de sinais no seu dia-a-dia — os surdos. Em todo o mundo, os surdos expandem seus horizontes usando uma rica língua de sinais."( Wikipédia )

Alfabetização e a pedagogia do empowerment político


“Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade”. Paulo Freire


Como movimento social, a alfabetização estava presa às condições materiais e políticas necessárias para desenvolver e organizar os professores, os agentes comunitários e outros, dentro e fora das escolas. Isso era parte de uma luta maior pelas ordens de conhecimento, valores e práticas sociais que deveriam, necessariamente, prevalecer para que a luta pela instauração de instituições democráticas e de uma sociedade democrática tivesse êxito. Para Gramsci, a alfabetização tornou-se um referente e uma modalidade de crítica para o desenvolvimento de formas de educação contra-hegemônicas em torno do projeto político de criar uma sociedade de intelectuais (no sentido mais amplo do termo) que pudesse captar a importância de desenvolver esferas públicas democráticas como parte da luta da vida moderna no combate à dominação, bem como tomar parte ativa na luta pela criação das condições necessárias para tornar as pessoas letradas, para dar-lhes uma voz tanto para dar forma à própria sociedade, quanto para governá-la.
Refletindo sobre o texto lido e relacionando com a leitura de didática é possível chegar à conclusão que não é do interesse dos governantes terem cidadãos críticos capazes de contestar suas medidas, por isso talvez que o apoio a educação seja tão pouco e as medidas alusivas a educação demorem sempre tanto a serem promulgadas e quando são acabam retrocedendo ao invés de avançar um nível.
Para Paulo Freire o processo de alfabetização é um projeto político no quais homens e mulheres afirmam o seu direito e sua responsabilidade não apenas de ler, compreender e transformar suas experiências pessoais, mas a possibilidade de erguer suas vozes na releitura desse mundo. Freire expressa a importância do respeito por parte do educador em relação à leitura de mundo do educando, não somente pela oportunidade de melhor conhecer o nível cognitivo e afetivo e a sua situação existencial, mas o de reconhecer que o saber que traz à escola tem relevância cultural, social e histórico. A leitura de mundo revela também a inteligência de cada um nesse processo de viver o mundo. Respeitar a leitura de mundo não é uma tática em que o educador procura ser mais simpático ao educando, é uma concepção democrática de construir o currículo na qual se revela que o “saber de experiência feito” e a curiosidade que o aluno traz à escola serão o ponto de partida para ir mais além, e nunca o ponto de chegada.

Educação, trabalho e currículo integrado


As novas necessidades econômicas requerem indivíduos melhor formados e informados, mais criteriosos e exigentes, o que consequentemente recai sobre a educação dos mesmos. A sociedade atual exige um novo trabalhador para fazer frente a estas transformações, capaz de pensar e agir de maneira mais dinâmica e eficaz, estando em constante aperfeiçoamento pessoal e profissional. Com isso a escola é desafiada em relação às situações imposta a formar este novo trabalhador para agir criticamente na sociedade, priorizando a formação de capacidades intelectuais, como forma de prepará-los criticamente para enfrentar as transformações da atualidade. Nesta perspectiva, a formação cidadã surge como estratégia de formação do aluno como cidadão - critico reflexivo e dinâmico, capacitado intelectualmente e profissionalmente para atender as exigências do mercado, podendo vir a atuar e transformar efetivamente a sociedade. Na sociedade altamente competitiva em que vivem as pessoas de hoje, precisa-se da aplicação de novos conhecimentos, porque aqueles que estiverem munidos com melhores instrumentos para enfrentar os desafios do dia a dia tanto nos estudos quanto no trabalho terão mais chances de sobreviverem às novas relações sociais impostas pela sociedade que acabam provocando a exclusão econômica, política e cultural. As profundas e rápidas mudanças que ocorrem no atual momento da civilização têm levado muitas pessoas a experimentarem, com frequência, insegurança e mal estar, sentindo-se desajustados. “Para produzir mais era preciso aumentar simultaneamente o consumo, o que obrigou a elevar os salários de trabalhadores e trabalhadoras, que também tinham que se converter em consumidores. Começa-se a conceder importância ao trabalho em equipe, frente ao trabalho individual dos modelos tayloristas e fordistas.” (SANTOMÉ, Jurjo Torres).