domingo, 30 de maio de 2010

Semana sete


Esta semana realizei o fechamento das notas dos meus alunos, desde o ano passado começamos a atribuir notas para os alunos do currículo por atividades, pois antes tinhamos apenas um parecer trimestral. Sei que a cada entrega de boletins alguns pais sempre questionavam perguntando qual a nota que se filho havia tirado, pois achavam necessidade que o desempenho do filho fosse colocado em um número, então, por este motivo, decidiu-se atribuir uma nota para os alunos, além do parecer descritivo.
 Muitas vezes acho injusto atribuir uma nota para um aluno, principalmente no final do trimestre, pois existem alunos que não são empenhados, tem mais sorte que conhecimento e acabam tirando uma nota melhor que alunos que são empenhados, fazem todos os trabalhos, mas na hora de um prova acabam tendo o famoso "branco" e não conseguem realizar ou expressar tudo que sabem naquele momento.
Uma das vantagens de trabalhar com o currículo por atividades é que podemos avaliar o aluno além da nota da sua prova ou teste, podemos acompanhar o desenvolvimento do aluno durante o trimestre ou o ano letivo e estabelecer se o aluno desenvolveu-se naquele ano ou realmente possui alguma dificuldade que  impede de acompanhar o próximo ano.
  De acordo com a Lei 9394 que foi projetada, em 1988, e aprovada em 1996, o processo avaliativo é contemplado no Art. 24 inciso V, que diz:
“Art. 24º. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) “obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos;”
Esta semana ao fazer o fechamento das notas me deparei com algumas situações bem difíceis, pois duas alunas acabaram ficando abaixo da média do trimestre, mas ao mesmo tempo, depois parei para refletir sobre o desempenho e o rendimento em sala de aula e percebi que a suas notas foram o reflexo do seu desempenho em sala, pois são meninas que não são empenhadas, dificilmente apresentam seu caderno por livre e espontânea vontade, não realizam as atividades em sala de aula, preferindo conversar e brincar. Uma delas possui muitas dificuldades, pois veio de outra escola ano passado para a nossa sem ser completamente alfabetizada, ela possui muitas dificuldades e está muito abaixo daquilo que é esperado para um 4º ano. Com esta aluna venho fazendo um trabalho diferenciado, mas mesmo assim falta maturidade para acompanhar mesmo este trabalho. Já conversei com a mãe que se mostrou pouco acessível, sendo inclusive bem mal educada na nossa conversa.
A outra menina é dispersa, mas quando é acompanhada mais de perto, mostra que tem condições de seguir seus colegas, apesar de ser muito imatura para a idade. Já os pais desta menina são bastante presentes, seguidamente entrando em contato comigo, por meio de bilhetes, para saber do rendimento da filha.
Semana passada estava lendo alguns artigos referentes a educação e me deparei com um artigo da revista Veja com o título: O amor constrói ,mas não ensina tabuada, que me levou a refletir também sobre a qualidade da educação, do tipo de aluno que estamos colocando no mundo e se não vale a pena muitas vezes exigir o máximo de nossos alunos para que eles descubram que são capazes. Já aqueles alunos que não conseguem desenvolver-se naquele ano mesmo depois de esgotadas as possíbilidades de  aprendizagem, talvez reprovar estes alunos. Para falar a verdade não sei o que é certo, só sei que é uma situação aflitiva.
 Considerando a aprendizagem no sentido amplo, podemos, entre outras coisas, corrigir o “errando se aprende” por “errando também se aprende”: o erro, ou fracasso não é condição necessária para haver aprendizagem. Por outro lado, torna-se exagerada, neste contexto teórico, a preocupação “skinneriana” de evitar todo o fracasso levando todo o aluno a produzir somente respostas corretas, pois o fracasso  torna-se eventualmente necessário para que o sujeito tome consciência da inadaptação dos seus esquemas e da conseqüente necessidade de construir novos esquemas, ou seja, reconstruir os já existentes.” (Becker, 1993, p.97-98).
“A avaliação da aprendizagem envolve atividades, técnicas e instrumentos de avaliação que permitem ao avaliador verificar se o aluno adquiriu tais conhecimentos, capacidades, atitudes, etc. Mas mesmo no caso menos óbvio, da avaliação e conhecimentos, aquilo que o avaliador faz é a observação de certas competências do aluno, isto é a observação de seus saberes postos em ação. De fato, não lhe é possível “olhar para dentro da cabeça” de um aluno para avaliar se ele “tem lá” um conhecimento (ou domina um conteúdo, se preferir). Isto significa que a avaliação é uma atividade eminentemente empírica e que o avaliador nunca está em posição de verificar as aquisições do aluno a não ser que este, convocado para uma atividade de avaliação aprimorada se manifeste se comporte ou haja de algum modo empiricamente acessível. As atividades de avaliação exigirão sempre, pois, uma dada manifestação, ação ou comportamento observável a partir do qual o avaliador infere ter-se concretizado, ou não, daquela aquisição” (Costa, 2004, p.5).
O que posso perceber é que  a avaliação do nível de aprendizagem do aluno não pode ser tomada como verdade absoluta, portanto ela pode ser questionada. Sempre terá que ser vista com bastante cuidado e responsabilidade, uma vez que, se o método for empregado de forma errada não poderá, jamais, medir o real conhecimento adquirido pelo aluno.
Referências Bibliograficas
BRASIL, LDB. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em<
www.mec.gov.br>.
COSTA, Antônio P.. Avaliação: como avaliar o aprender a (competências) e o aprender que (conteúdos)?. Coimbra: APF,: 2004.
BECKER, Fernando. Da ação à operação: O caminho da Aprendizagem: J. Piaget e P. Freire. Porto
Alegre: EST: Palmarinca: Educação e realidade, 1993.

SOUZA, Clariza P de (org). Avaliação do rendimento escolar: Campinas: Papurus, 1991.


domingo, 23 de maio de 2010

Semana seis


 Esta semana observando algumas atitudes de alguns alunos, comecei a me questionar se realmente é valido iniciar a alfabetização das crianças com seis anos. Tenho apenas 22 alunos e destes, 6 ainda não possuem maturidade para estarem em um 4º ano, pois possuem dificuldades em prestar atenção, de acompanhar uma explicação e durante o momento de fazerem as tarefas em sala de aula estão brincando com seus materiais, ou com os próprios brinquedinhos que trazem de casa.
     Estas observaçõe que venho fazendo desde o início do ano e fatalmente comparando com as turmas anteriores, apesar de saber que nenhuma turma é igual, me fizeram questionar sobre este fato, sobre a importância de brincarem com 6 anos e não como estes alunos, que são a primeira turma dos 9 anos, já serem alfabetizados.
     A maioria não frequentou creche, ou seja, não teve a educação infantil, vindo direto para o 1º ano e já para aprender a ler  e escrever.
     Pode ser algum tipo de paranóia de minha parte, mas sinto esta turma muito diferente das que já tive em muitos anos de magistério.
     Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança sendo por isso, indispensável à prática educativa (Aguiar, 1977, 58).
     Vygotsky (1989: 109), ainda afirma que: “é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de agir numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos”.
      Brincando, ela começa a entender como as coisas funcionam, o que pode e não pode ser feito, aprende que existem regras que devem ser respeitadas, se quer ter amiguinhos para brincar e, principalmente, aprende a perder e a ver que o mundo não acaba por causa disso. Descobre que, se ela perde um jogo hoje, pode ganhar em outro amanhã.
     O jogo permite uma assimilação e apropriação da realidade humana pelas crianças já que este não surge de uma fantasia artística, arbitrariamente construída no mundo imaginário da brincadeira infantil; a própria fantasia da criança é engendrada pelo jogo, surgindo precisamente neste caminho pelo qual a criança penetra na realidade.
Percebendo esta necessidade dos alunos de brincar acabo fazendo brincadeiras com eles nos 15 minutos finais para que com isso esta necessidade que eles tem de brincar seja ao menos amenizada. Ao terminarem alguma atividade disponibilizo jogos na sala de aula para poderem interagir mais uns com os outros, os próprios alunos trazem suas cartas de Uno para poderem jogar assim que tem alguma folga e no próprio recreio.
Conversando com algumas colegas e perguntando se notaram alguma diferença, todas me disseram que os alunos também possuem esta inquietação e essa necessidade de brincar durante a aula, portanto percebo que a minha percepção não está de todo errada.
Cada turma é uma turma diferente e com cada uma vamos aprendendo alguma coisa e modificando nossa maneira de trabalhar e adaptando nossos conteúdos e metodologias às necessidades que percebemos em nossos alunos.

Referências bibliograficas:
PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

VYGOTSKY, L. 1989. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes


sábado, 15 de maio de 2010

Semana cinco

Esta semana dividi os alunos em grupo para fazerem o trabalho sobre plantas medicinais, um livro sobre chás. No dia seguinte vários alunos já disseram que haviam coletado alguns chás, que já haviam perguntado para algum familiar para que servia e como era feito. Um aluno inclusive disse que havia coletados os chás, mas na família não sabiam muito bem para que serviam, mas o tio havia se prontificado a ver informações na internet sobre o uso daqueles chás.

Percebo que quando são feitos trabalhos que fazem com que o aluno colete informações, amostras, pesquise com familiares, o entusiasmo dos alunos é maior, pois eles saem da sua postura mais acomodada, onde normalmente em casa teriam que estudar ou terminar alguma atividade que não foi concluída em aula.
Da mesma forma quando apresentava as imagens da zona rural e iamos falando sobre estas imagens, à medida que falava um pouco sobre o episódio dos Mucker os alunos, tinha a sua curiosidade aguçada e cada vez mais iam fazendo perguntas sobre o assunto e que rendo sacer mais sobre a história de Jacobina e seus seguidores. E como gosto deste assunto fui contando alguns fatos ligados a algumas imagens e pude perceber o interesse nos olhos deles a cada história que contava.
Nós educadores sabemos que é preciso oportunizar um ambiente democrático e propício desenvolvimento harmonioso dos alunos, objetivando a participação e a responsabilidade de cada um nesse ambiente, pois quando o mesmo é agradável, a aprendizagem ocorre com mais facilidade e torna-se prazerosa. Mas, para que isto aconteça, é necessário que se reflita e analise as formas com que estamos desenvolvendo nossos trabalhos, se estão condizentes com a realidade dos alunos, se esta é a melhor forma de desenvolvê-los para que os resultados sejam positivos. Nós professores, precisamos investir cada vez mais em conhecimentos e práticas diferenciadas, pois a realidade está mudando a cada dia, os alunos de hoje estão em contato constante com o desenvolvimento tecnológico e a cada dia recebendo informações em excesso.
“O sucesso em qualquer profissão depende, antes da competência, da facilidade em fazer com que as pessoas entendam a sua linha de raciocínio, suas idéias, e consiga sentir segurança diante da exposição, para dar credibilidade a quem dirige a conversação” (SANTOS, 2004, p. 4). Existem professores que têm idéias brilhantes, são muito inteligentes, mas não conseguem se expressar de forma clara e ordenada, têm dificuldade de comunicação, e isto se torna uma das grandes causas da desmotivação e do desinteresse dos alunos.
Por isso cada vez mais percebo que se demonstramos entusiasmo ou gostamos daquilo que estamos ensinando os alunos irão perceber e corresponder da mesma forma e com o mesmo entusiasmo e vontade realizando o trabalho com interesse, pois eles sentem na nossa voz e na maneira como conduzimos um assunto se estamos simplesmente reproduzindo algo por obrigação ou se realmente existe verdade naquilo que estamos dizendo, pois várias vezes alguns alunos já perceberam isso, perguntado se gostava ou não do assunto falado.

domingo, 9 de maio de 2010

Semana 4

Não sei bem o que está acontecendo, mas parece que agora que a criatividade deveria estar a mil e as atividades estarem diversificadas, parece que venho sofrendo de um bloqueio criativo. Até a coisas mais óbvias as vezes parecem fugir e tenho tido dificuldades em resgatar.
Nesta semana ensinei meus aluno a costurar uma flor de fuxico para fazerem um chaveiro para os dia das mães e tenho que reconhecer que me superei, pois tenho uma grande dificuldade com trabalhos manuais, principalmente de costura e aprendi a fazer o fuxico vendo alguns vídeos do you tube e fiz algumas tentativas até conseguir. No dia estava mais nervosa que os alunos, pois como tenho dificuldades nesta área imaginei que os alunos também teriam, mas as coisas transcorreram bem, pois alguns conseguiram rapidamente fazerem o seu e já foram ajudando seus colegas e tudo foi tranquilo, mostrando que nem sempre podemos medir a capacidade dos alunos tendo como base as nossas dificuldades.
" Quando falamos sobre dificuldade de aprendizagem, estamos falando, principalmente, do ato de aprender. Aprender é uma ação que supõe dificuldade; quando não se sabe, sendo o não-saber condição necessária para aprender, é esperado que as dificuldades apareçam. Temos, portanto, dificuldades que nos desequilibram e na busca do equilíbrio, aprendemos.

O fato de estarmos mergulhados num mundo de consumo, que apregoa a perfeição, de termos pressa para tudo, de acreditarmos que as pessoas devem ser regidas pelos prazeres, de acharmos que tudo que não acontece como esperamos é doença, de termos sempre um remédio para os males existentes faz com que acreditemos que ter dificuldades para aprender é algo inconcebível." (Laura Monte Serrat Barbosa; Pedagoga, psicopedagoga, mestre em Educação - março/2007 - Revista da ABPp)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Semana 3

Esta semana as coisas transcorreram bem, as atividades foram realizadas a contento, mas fiquei um pouco incomodada com a atividade de filmagem dos anúncios dos livros, pois os alunos anunciaram de um forma muito rápida, não dando a enfase que pedi. Penso que esta pressa toda tenha sido causada pelo fato de terem ficado intimidados com a camera. Mais tarde farei esta atividade novamente sem filmar para ver se o problema foi a filmegem ou os alunos não entenderem o que deveria ser feito. Esta mesma atividade eu fiz ano passado com meus alunos e o resultado foi maravilhoso, mas não filmei, talvez o problema dos alunos deste ano tenha sido a vergonha de serem filmados.

No assunto zona rural e zona urbana os alunos estabeleceram muitas diferenças existentes entre os dois ambientes, principalmene aqueles que tem chácara ou vão visitar constantemente parentes no interior conseguiram contribuir de forma mais ativa acrescentando várias coisas e completando as falas dos colegas.
Na atividade de Ciências, pirâmide alimentar, os próprios alunos após desenharem a pirâmide no caderno e encaixarem os alimentos consumidos no dia anterior ao me trazerem o caderno para corrigir diziam que não estavam se alimentando de forma correta e nas suas conclusões que foram escritas em seu caderno todos chegaram a conclusão que devem aumentar o consumo de frutas, verdura e legumes e diminuir os doces .
A hora do desenho no livro de Sapiranga é especial para maioria, pois adoram desenhar e representar a história de Sapiranga, comparar os desenho entre si, dar ideias um para o outro. É um momento muito bom onde boa parte da turma trabalha com muito afinco e criatividade. O que é ótimo pois segundo Piaget"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe." (Jean Piaget)
Esta semana aconteceu algo inédito para mim aqui no Genuíno, um menino, muito bom aluno, nós conversando sobre a história de Sapiranga, sobre o desenho do livro de Sapiranga e sobre o mapa, ele falou que ano passado na outra escola o livro de Sapiranga dele era diferente, então questionei ele de como poderia estudar o município se estava no 3º ano e daí, somente dai,ele disse que deveria estar em uma 4ª série e se esta não era uma 4ª série. Imediatamene fui até a secretaria e vi que ele tinha sido matriculado na série errada. Chamamos os pais e o transferimos para sua série certa. Fiquei triste, pois ele era muito bom mas é óbvio por que pois estava estudando a mesma coisa que já tinha visto. E também me senti um pouco culpada de como não percebi que ele estava na série errada e principalmente pensando no tempo de aula que ele perdeu na 4ª série.