Esta semana observando algumas atitudes de alguns alunos, comecei a me questionar se realmente é valido iniciar a alfabetização das crianças com seis anos. Tenho apenas 22 alunos e destes, 6 ainda não possuem maturidade para estarem em um 4º ano, pois possuem dificuldades em prestar atenção, de acompanhar uma explicação e durante o momento de fazerem as tarefas em sala de aula estão brincando com seus materiais, ou com os próprios brinquedinhos que trazem de casa.
Estas observaçõe que venho fazendo desde o início do ano e fatalmente comparando com as turmas anteriores, apesar de saber que nenhuma turma é igual, me fizeram questionar sobre este fato, sobre a importância de brincarem com 6 anos e não como estes alunos, que são a primeira turma dos 9 anos, já serem alfabetizados.
A maioria não frequentou creche, ou seja, não teve a educação infantil, vindo direto para o 1º ano e já para aprender a ler e escrever.
Pode ser algum tipo de paranóia de minha parte, mas sinto esta turma muito diferente das que já tive em muitos anos de magistério.
Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança sendo por isso, indispensável à prática educativa (Aguiar, 1977, 58).
Vygotsky (1989: 109), ainda afirma que: “é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de agir numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos”.
Brincando, ela começa a entender como as coisas funcionam, o que pode e não pode ser feito, aprende que existem regras que devem ser respeitadas, se quer ter amiguinhos para brincar e, principalmente, aprende a perder e a ver que o mundo não acaba por causa disso. Descobre que, se ela perde um jogo hoje, pode ganhar em outro amanhã.
O jogo permite uma assimilação e apropriação da realidade humana pelas crianças já que este não surge de uma fantasia artística, arbitrariamente construída no mundo imaginário da brincadeira infantil; a própria fantasia da criança é engendrada pelo jogo, surgindo precisamente neste caminho pelo qual a criança penetra na realidade.
Percebendo esta necessidade dos alunos de brincar acabo fazendo brincadeiras com eles nos 15 minutos finais para que com isso esta necessidade que eles tem de brincar seja ao menos amenizada. Ao terminarem alguma atividade disponibilizo jogos na sala de aula para poderem interagir mais uns com os outros, os próprios alunos trazem suas cartas de Uno para poderem jogar assim que tem alguma folga e no próprio recreio.
Conversando com algumas colegas e perguntando se notaram alguma diferença, todas me disseram que os alunos também possuem esta inquietação e essa necessidade de brincar durante a aula, portanto percebo que a minha percepção não está de todo errada.
Cada turma é uma turma diferente e com cada uma vamos aprendendo alguma coisa e modificando nossa maneira de trabalhar e adaptando nossos conteúdos e metodologias às necessidades que percebemos em nossos alunos.
Referências bibliograficas:
PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
VYGOTSKY, L. 1989. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes
Um comentário:
Oi Grace!! Mas essa urgência em alfabetizar no primeiro ano não será uma interpretação errônea da proposta? E sobre o brincar, por que não continuar considerando-o como elemento de aprendizagem? Abração
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