“Se não tivéssemos voz, nem língua, mas apesar disso desejássemos manifestar coisas uns para os outros, não deveríamos, como as pessoas que hoje são mudas, nos empenhar em indicar o significado pelas mãos, cabeça e outras partes do corpo?”
(Filósofo Sócrates)
A luta pela inclusão educacional é questionada por muitos surdos devido a estes permanecerem sob o poder de professores ouvintes, dentre os quais, muitos não possuem o domínio da Língua de Sinais. Surge então uma exclusão no que se refere à efetiva participação e autonomia do aluno surdo em aula, mascarada pelo conceito de inclusão (MOURA 2000).
O ouvinte não tem uma dimensão do mundo e da cultura do surdo, não sabendo muitas vezes de que forma se processa o aprendizado destas pessoas e também sem entender que muitas vezes o que se chama de inclusão hoje em dia pode acabar virando uma exclusão, pois o aluno está inserido no mundo dos ouvintes, sem muitas vezes ter uma compreensão do que se passa ao seu redor e sem ter um conhecimento da Língua Portuguesa, da sua estrutura e também por vezes sendo dono de um vocabulário tão reduzido que é incapaz de escrever um simples bilhete.
Acredito que é de extrema importância que as escolas que recebem os surdos tenham a preocupação de darem toda a estrutura para que eles necessitem para realmente aprenderem, respeitar a língua de sinais como sua primeira língua e o estudo da Língua Portuguesa como seu segundo idioma. O estudo da Língua Portuguesa como forma de acesso de qualidade aos conteúdos curriculares, leitura e escrita, sem depender da oralidade.
Além disso, é muito importante que a aula seja ministrada por um professor surdo, pois este além de servir como um modelo de adulto surdo tem também um conhecimento da cultura surda, maior intimidade com a língua de sinais criando assim um ambiente propício para a aprendizagem, pois assim os alunos terão uma intimidade e um vínculo maior com o professor, ainda mais que muitos alunos surdos possuem pais ouvintes que não possuem uma boa comunicação com os filhos devido à barreira da linguagem.
Uma mudança já parece se desenhar com a inclusão da Língua de Sinais nos cursos de licenciatura, onde os futuros professores têm um conhecimento maior da cultura surda, dos processos de aprendizagem do aluno surdo e conhecimentos elementares da língua o que pelo menos dá uma visão diferente ao professor na hora de ensinar o aluno e uma compreensão do seu mundo e modo de aprender.
Um comentário:
Olá Grace:
São muito significativas as reflexões que trazes. Ainda poderíamos continuar pensando... Colocas, por exemplo: “Acredito que é de extrema importância que as escolas que recebem os surdos tenham a preocupação de darem toda a estrutura para que eles necessitem para realmente aprenderem...”. Tens alguma vivência que gostarias de compartilhar que pudesse servir de evidência e/ou argumento? Algum autor/texto estudado até então poderia fundamentar a tua crença?
Abração.
Celi
Postar um comentário