A escola assume um caráter reducionista a partir do momento que reduz todo seu trabalho ao ato de avaliar tendo em mente o simples objetivo de classificar seus alunos, reduzindo todo seu aprendizado a meras perguntas que levam muitas vezes a memorização pura e simples de alguns conceitos que o professor acha importante que o aluno saiba. Acaba tendo este caráter reducionista quando centra todas as avaliações somente para o final de um trimestre, onde daí pode ser tarde demais para recuperar a aprendizagem dos alunos, que muitas vezes passaram dois meses estudando um determinado assunto sem o professor ter uma dimensão da aprendizagem dos seus alunos.
Segundo Silva (1996, p.20), uma "inversão entre as funções da avaliação: o registro burocrático sobrepondo-se à natureza pedagógica de acompanhamento dirigindo mesmo toda organização do trabalho escolar."
No modelo de avaliação de caráter classificatório a avaliação assume um caminho de apenas uma via, onde o único avaliado do processo aprendizagem é o aluno, e não o professor. A avaliação passa a ser mais um instrumento burocrático exigido pela instituição com o objetivo de dar uma nota e classificar este aluno. Acaba não avaliando o que o aluno aprendeu, mas sim aquilo que ele ainda não sabe ou não memorizou.
Para Cunha (1995, p.44), "aquilo que a pessoa diz ou faz está moldado consciente ou inconscientemente pela situação social. São as experiências e as condições de vida que fornecem a formação dos conceitos e do desempenho do indivíduo". Toda atividade do professor é um reflexo daquilo que ele vivenciou. Para a autora, "o fato de o professor ter tido uma educação autoritária e punitiva pode fazê-lo tentar repelir esta forma no seu cotidiano docente, mas pode também levá-lo a repetir esta prática". (p.36)
Muitas vezes o professor acaba reproduzindo o vivenciou como estudante com seus próprios alunos, onde o mais importante era tirar a melhor nota e não aprender. Muitas vezes vejo colegas meus na sala de professores falando de seus alunos, do ensino médio e séries finais, de um jeito desrespeitoso e já dando como reprovados alunos que sequer iniciaram o terceiro trimestre, falando muitas vezes de sua falta de interesse e desmotivação. Isso me deixa muitas vezes chateada, pois são alunos que foram meus, quando pequenos e que não eram assim, tinham lá suas dificuldades, mas conseguiam superá-las, pois acabavam se esforçando. Acredito que nunca passou pela cabeça deles que esta falta de interesse e motivação possa estar ligada com o desinteresse que existe por parte deles em tentar compreender melhor o processo de aprendizagem deles e avaliar aquilo que eles realmente sabem e não aquilo que eles precisam saber.
Nesta postagem feita no semestre 7, chegando o final do ano, que é o momento em que temos que sentar e analisar o desempenho de nossos alunos e aprová-los ou não. Esta época é bem difícil, pois sempre somos pressionadas pelas professoras das séries seguintes a não deixar os alunos fracos irem adiante. Acabo ficando em um dilema, pois fico sempre na dúvida em aprovar ou não determinados alunos. Parto do princípio que se houve evolução o aluno tem condições de seguir adiante. Existem alguns colegas professores que esperam receber os alunos prontos, para começarem o seu conteúdo sem se preocuparem com a evolução do aluno que pode não estar pronto, mas que apresenta melhoras no seu desempenho se comparado ao início do ano.
A avaliação muitas vezes é feita por uma exigência da escola que precisa de documentos para comprovar o desenvolvimento do aluno, mas o professor precisa além disso ter um real conhecimento do seu aluno e ver se houve um crescimento para não reduzir um ano todo em provas e testes que acabam avaliando aquilo que o professor quer saber e não o que o aluno realmente sabe.
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