domingo, 4 de outubro de 2009

CULTURA SURDA



Não conheço nenhuma pessoa surda e nunca tive contato com nenhuma, mas diariamente quando pego ônibus sempre vejo alguns jovens que também pegam ônibus que estudam na Escola São Mateus e sempre os observo conversando entre eles, com seus movimentos rápidos, suas expressões faciais e os gritos e risadas que ocasionalmente produzem, causando muito espanto nas pessoas que não estão acostumadas a ver surdos se comunicando.
Na verdade nunca pensei sobre esta questão de como faria para conversar com uma pessoa surda, mas com certeza se me visse obrigada e necessitada de me comunicar com uma tentaria escrever algo para que ela pudesse ler ou tentaria falar esperando que ela pudesse ler meus lábios, mas a única forma de eu entende-la seria se ela escrevesse o que quer dizer. Talvez por insegurança ou medo de não ser compreendida nunca me senti a vontade de tentar me comunicar com uma pessoa surda.

A questão de se colocar na posição do outro (do surdo) perpassa as questões identitárias e nos informa (pelo menos a meu ver) que os surdos não querem ser narrados pelos ouvintes.
PERLIN (1998: 57): é preciso manter estratégias para que a cultura dominante não reforce as posições de poder e privilégio. É necessário manter uma posição intercultural mesmo que seja de riscos. A identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual. Essa diferença precisa ser entendida não como uma construção isolada, mas como construção multicultural.

"A chave para uma boa comunicação com uma pessoa surda é o claro e apropriado contato visual. É uma necessidade, quando os surdos se comunicam. De fato, quando duas pessoas conversam em língua de sinais é considerado rude desviar o olhar e interromper o contato visual. E como captar a atenção de um surdo? Em vez de usar o nome da pessoa é melhor dar um leve toque no ombro ou no braço dela, acenar se a pessoa estiver perto, ou se estiver distante, fazer um sinal com a mão para outra pessoa chamar a atenção dela. Dependendo da situação, podem-se dar umas batidinhas no chão ou fazer piscar a luz. Esses e outros métodos apropriados de captar a atenção dão reconhecimento à experiência dos Surdos e fazem parte da cultura surda. Para aprender bem uma língua de sinais, precisa-se pensar nessa língua. É por isso que simplesmente aprender sinais de um dicionário de língua de sinais não seria útil em ser realmente eficiente nessa língua. Muitos aprendem diretamente com os que usam a língua de sinais no seu dia-a-dia — os surdos. Em todo o mundo, os surdos expandem seus horizontes usando uma rica língua de sinais."( Wikipédia )

Um comentário:

celilutz1 disse...

Olá Grace:
São boas as tuas reflexões. Chamas a atenção, em especial, com a colocação de que nunca antes tinhas pensado em como conversar com uma pessoa surda e levantas algumas hipóteses de como o farias, caso fosse necessário. Essa fala é uma evidência do quanto somos movidos pelas necessidades. A partir da interdisciplina de LIBRAS, já pensaste na possibilidade de conhecer o trabalho com surdos realizado na Escola São Mateus?
Abraço.
Celi