domingo, 4 de outubro de 2009

Alfabetização e a pedagogia do empowerment político


“Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade”. Paulo Freire


Como movimento social, a alfabetização estava presa às condições materiais e políticas necessárias para desenvolver e organizar os professores, os agentes comunitários e outros, dentro e fora das escolas. Isso era parte de uma luta maior pelas ordens de conhecimento, valores e práticas sociais que deveriam, necessariamente, prevalecer para que a luta pela instauração de instituições democráticas e de uma sociedade democrática tivesse êxito. Para Gramsci, a alfabetização tornou-se um referente e uma modalidade de crítica para o desenvolvimento de formas de educação contra-hegemônicas em torno do projeto político de criar uma sociedade de intelectuais (no sentido mais amplo do termo) que pudesse captar a importância de desenvolver esferas públicas democráticas como parte da luta da vida moderna no combate à dominação, bem como tomar parte ativa na luta pela criação das condições necessárias para tornar as pessoas letradas, para dar-lhes uma voz tanto para dar forma à própria sociedade, quanto para governá-la.
Refletindo sobre o texto lido e relacionando com a leitura de didática é possível chegar à conclusão que não é do interesse dos governantes terem cidadãos críticos capazes de contestar suas medidas, por isso talvez que o apoio a educação seja tão pouco e as medidas alusivas a educação demorem sempre tanto a serem promulgadas e quando são acabam retrocedendo ao invés de avançar um nível.
Para Paulo Freire o processo de alfabetização é um projeto político no quais homens e mulheres afirmam o seu direito e sua responsabilidade não apenas de ler, compreender e transformar suas experiências pessoais, mas a possibilidade de erguer suas vozes na releitura desse mundo. Freire expressa a importância do respeito por parte do educador em relação à leitura de mundo do educando, não somente pela oportunidade de melhor conhecer o nível cognitivo e afetivo e a sua situação existencial, mas o de reconhecer que o saber que traz à escola tem relevância cultural, social e histórico. A leitura de mundo revela também a inteligência de cada um nesse processo de viver o mundo. Respeitar a leitura de mundo não é uma tática em que o educador procura ser mais simpático ao educando, é uma concepção democrática de construir o currículo na qual se revela que o “saber de experiência feito” e a curiosidade que o aluno traz à escola serão o ponto de partida para ir mais além, e nunca o ponto de chegada.

Um comentário:

celilutz1 disse...

Olá Grace:
Trazes a reflexão “é possível chegar à conclusão que não é do interesse dos governantes terem cidadãos críticos capazes de contestar suas medidas, por isso talvez que o apoio a educação seja tão pouco e as medidas alusivas a educação demorem sempre tanto a serem promulgadas e quando são acabam retrocedendo ao invés de avançar um nível”. Terias algum fato recente ou não tão recente que poderias citar como evidência do que estás colocando?
Abraço.
Celi