Durante a atividade de ação, optei em realizar uma atividade que envolvesse uma ação direta dos alunos, onde através da sua ação sobre os objetos de pesquisa eles pudessem construir seu conhecimento. Estávamos trabalhando o solo e pedi para que analisassem com a ajuda de uma lupa e do tato três amostras de terra (argila, areia e terra preta) para que percebessem a diferença de tamanho das partículas de cada uma. Em seguida utilizando um funil para cada amostra de terra, pedi que os alunos colocassem as amostras de solo uma em cada funil e em seguida despejassem a mesma quantidade de água nos três funis e com isso analisassem o tempo que a água demoraria em passar pelos três recipientes. Depois de concluída esta parte pedi que os alunos em grupo relacionassem o tempo que a água demorou em passar pelas amostras e o tamanho das partículas de solo que eles analisaram.
Analisando esta aula e levando em conta o significado de construtivismo: “a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do Indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento.”; posso chegar à conclusão que a aula foi construtivista, pois os alunos construíram o seu conhecimento a partir da ação e da observação que tiveram sobre os objetos de estudo, que neste caso foram as amostras de solo. A partir desta observação e ação que tiveram os alunos concluíram, sem ter nenhum prévio conhecimento sobre o assunto que quanto maior a partícula do solo a água vai passar mais facilmente o que é o caso da areia e quanto menor for à partícula mais tempo vai demorar a água passar, que é o caso da argila. Realmente estes conceitos de permeabilidade da água ficaram bem gravados para os alunos, pois sempre que questionados sobre o assunto os alunos sempre se lembram da experiência que fizeram e conseguem relacionar os conceitos com a prática realizada.
Segundo PIAGET, “o aluno é um sujeito cultural ativo cuja ação tem dupla dimensão: assimiladora e acomodadora. Pela dimensão assimiladora ele produz transformações no mundo objetivo, enquanto pela dimensão acomodadora produz transformações em si mesmo, no mundo subjetivo. Assimilação e acomodação constituem as duas faces, complementares entre si, de todas as suas ações.” Para a epistemologia genética a ação é promotora de aprendizagem. Piaget acreditava que a aprendizagem acontece a partir da ação do sujeito, sendo que essa ação pode ser física ou mental.
Estes dois processos buscam restabelecer um equilíbrio mental perturbado pelo contato com um dado incompatível com aquilo que se conhece até então (princípio de equilibração). No primeiro caso aquilo com que se entra em contato é assimilado por um esquema já existente que então se amplia, no segundo, o dado novo é incompatível com os esquemas já formulados e então se cria um novo esquema acomodando este novo conhecimento. Este novo esquema será então ampliado na medida em que o indivíduo estabelecer relações com seu meio.
No caso da atividade realizada em sala de aula os alunos agiram sobre os objetos e a partir desta ação foram construindo o seu conhecimento. Pois aparentemente para os alunos os solos todos eram iguais somente apontando como diferença a sua coloração, mas a partir de uma analise mais apurada onde puderam ver com mais atenção e principalmente tocar as amostras de solo eles tiveram que mudar este conceito e criar um novo esquema mental e criar um novo conceito: que quanto maior a partícula menos água ela irá reter. Com o tempo os alunos começam a perceber no próprio ambiente onde vivem ou dos lugares que freqüentam as mesmas ações acontecendo.
Como por exemplo, “quando choveu muito e a água ficou empossada, pois o solo era argiloso e como a areia da praia deixa a água do mar passar rápido por ela”. Com estas observações feitas pelos alunos pude perceber que houve a assimilação e a acomodação destes conteúdos construídos a partir da ação dos alunos sobre o objeto de aprendizagem.
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