domingo, 12 de julho de 2009

Entre os Muros da Escola

Marin se apresenta como um professor dedicado que, entretanto, esbarra na resistência à cultura escolar por parte de seus alunos, bem como nos conflitos presentes em uma turma composta, em sua maioria, por alunos oriundos de famílias imigrantes. Esses conflitos e resistências aparecem, continuamente, na sala de aula, envolvendo Marin e seus alunos e, muitas vezes, os próprios alunos entre si. Representação de racismo disputa entre identidades nacionais e preconceito de classe são comuns nesse espaço, e acontecem em todas as instâncias da escola. . Segundo Marilene Leal o negro na maioria das escolas tem baixa auto-estima por ser discriminado e que o índice de evasão entre eles é bastante grande.

A cena escolhida foi quando o professor Marin perde a cabeça e insulta duas alunas chamando-as de vagabundas. Esse incidente termina por gerar uma grande confusão quando um aluno negro se revolta e sem querer acerta a mochila no supercílio de uma colega, fazendo o seu rosto ficar ensangüentado, e termina saindo da sala sem a permissão do professor. Tal incidente vai parar em um Conselho Disciplinar, que é o único resquício de poder que a escola tem e termina com a expulsão do aluno.

Na cena, o professor ofende claramente duas alunas, provoca um tumulto em aula, cria-se uma confusão e o aluno que começa tudo, sai da sala de aula. Resultado disto tudo: o aluno vai a julgamento, a mãe do aluno não consegue falar, o professor que ofende tem direito a permanecer na reunião intimidando o aluno, vota-se a expulsão do aluno sem a presença de sua mãe e dele mesmo.

Esta cena mostra com clareza o que muitas vezes pode acabar acontecendo nas salas de aula, principalmente com os professores que lidam com alunos um pouco maiores, a partir da 4ª série já é possível notar nos alunos esta falta de cooperação e muitas vezes falta de respeito com o professor e qualquer outra figura de autoridade. Estes embates acabam gerando conflitos e muitas vezes o professor por estar sobrecarregado acaba perdendo a cabeça e escolhendo palavras ásperas para se referir a determinados alunos.

O filme retrata também os conflitos próprios da adolescência que concorrem com conflitos de identidade, em confronto com uma tradição educacional presa a pressupostos disciplinares que não dão conta das contradições vivenciadas pelas inúmeras identidades, que não se somam, ao contrário, vive um conflito sem fim.

Os alunos do filme estão à maioria deles, por ser uma turma de 7ª série, entre os 12 e os 15 anos, estando então no estágio das operações formais, estágio este que tem como algumas características:

  • Reflexão existencial (Quem sou eu? O que eu quero da minha vida?).
  • Crítica dos valores morais e sociais.
  • Moral própria baseada na moral do grupo de amigos.
  • Experiência de coisas novas, estimuladas pelo grupo de amigos.

De uns anos pra cá, as novas teorias pedagógicas apontam que o ensino deve ser mais “humano”, ou seja, que o professor deve procurar compreender e estimular os seus alunos, facilitando o processo da aprendizagem, além de respeitar e lidar com as diferenças intelectuais, étnicas, culturais e socais de cada aluno.

Educar moralmente não é segundo Piaget, apenas um ato de implantar valores na criança, mas também, e principalmente, um ato de ajudar a compreender esses valores, tomando consciência deles. Para tanto, é necessário perceber como se dá o respeito às regras e aos valores que norteiam a vida da criança.

Desenvolvimento Moral

Educar moralmente não é segundo Piaget, apenas um ato de implantar valores na criança, mas também, e principalmente, um ato de ajudar a compreender esses valores, tomando consciência deles. Para tanto, é necessário perceber como se dá o respeito às regras e aos valores que norteiam a vida da criança.

No aspecto moral, segundo Piaget, a criança passa por uma fase pré-moral, caracterizada pela anomia, coincidindo com o "egocentrismo" infantil que vai até aproximadamente 4 ou 5 anos. Gradualmente, a criança vai entrando na fase da moral heterônoma e caminha gradualmente para a fase autônoma.

O quadro abaixo relaciona as atitudes interiores e as fases morais:

ANOMIA

HETERONOMIA

AUTONOMIA

Bagunça

Devassidão

Libertinagem

Dissolução

Medo

Autoritarismo

Imposição

Castigo

Prêmio

Respeito unilateral

Autocracia

Tirania

Cooperação

Amor

Respeito mútuo

Afetividade

Livre-arbítrio

Democracia

Reciprocidade

Lei Causa e Efeito

Trabalho com crianças de 08 a 13 anos o que me dá um grande material para analise. A turma com a qual trabalho na parte da manhã é uma terceira série, com alunos de 8 a 11 anos, todos muito queridos e com poucos problemas de indisciplina, acontecem às vezes alguns desentendimentos entre eles, mas nada que eu tenha que intervir. Todos possuem um comportamento bem infantil condizente com sua idade.

Na parte da tarde possuo uma quarta série, onde as idades variam de 9 a 13 anos, nesta sim tenho muitos problemas de indisciplina e atos de violência tanto física quanto verbal entre eles.

Um dia dois meninos, o Lucas de 13 anos e o Vinícius de 10 começaram a discutir em função de um trabalho em grupo que estavam fazendo e de uma hora para outra o Vinícius deu um empurrão no Lucas que revidou dando um soco no braço do colega. Ambos os alunos já se envolveram em diversas situações parecidas, muitas vezes juntos e em outras ocasiões separados envolvendo outras pessoas.

Lendo o texto, “Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança?”,de Jaqueline Picetti, ela no leva a pensar que tudo não passa de uma questão de justiça e que as crianças estão aplicando punições entre si de acordo com o que receberam um do outro, mas questiono o seguinte, será que no caso destes meus dois alunos eles estão realmente aplicar a justiça de acordo como pensam ou realmente eles possuem mesmo um comportamento agressivo, até em função da idade, pois um já é um adolescente e outro quase completando 11 anos está na pré adolescência.

Analisando o comportamento destes dois alunos posso chegar a conclusão que são moralmente imaturos, pois ainda estão no estágio da anomia ou egocentrismo, pois ambos sempre revidam de forma agressiva quando acontece algo que os contraria.

Pensando e analisando um pouco estes meninos e outros da mesma turma que também possuem um comportamento assim me pergunto: Será que todos possuem uma imaturidade moral, ou será que existem outros fatores que influenciam além dos seus desenvolvimentos morais?

Na verdade eu penso que além de ser imaturos eu acredito que as influências externas têm muito a ver com o comportamento destes alunos em particular, como a televisão, com seus desenhos e filmes violentos que eles tanto cultuam e principalmente games que não são adequados para idade que muitas vezes eu os vejo comentarem que jogam e tem.

Analisando meus alunos da parte da manhã, muitas vezes acontecem coisas do tipo de um esbarrar no outro e este acabarem revidando, mas tudo dentro de certa normalidade. Percebo também entre eles esta questão de obedecer às regras, muitas vezes sem saber nem porque, mas como foi instituído por alguém cobrar este comportamento dos outros que tenha quebrado ela.

Concluindo, que ao se pensar em uma educação moral, esta deve ser muito refletida, pois, numa primeira instância, devemos tomar conhecimento de como se desenvolve a moralidade na criança, já que esta depende, também, do desenvolvimento cognitivo. É neste contexto, portanto, que devemos conhecer os meios adequados para desenvolver a capacidade do juízo moral na criança.

Ação

Durante a atividade de ação, optei em realizar uma atividade que envolvesse uma ação direta dos alunos, onde através da sua ação sobre os objetos de pesquisa eles pudessem construir seu conhecimento. Estávamos trabalhando o solo e pedi para que analisassem com a ajuda de uma lupa e do tato três amostras de terra (argila, areia e terra preta) para que percebessem a diferença de tamanho das partículas de cada uma. Em seguida utilizando um funil para cada amostra de terra, pedi que os alunos colocassem as amostras de solo uma em cada funil e em seguida despejassem a mesma quantidade de água nos três funis e com isso analisassem o tempo que a água demoraria em passar pelos três recipientes. Depois de concluída esta parte pedi que os alunos em grupo relacionassem o tempo que a água demorou em passar pelas amostras e o tamanho das partículas de solo que eles analisaram.

Analisando esta aula e levando em conta o significado de construtivismo: “a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do Indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento.”; posso chegar à conclusão que a aula foi construtivista, pois os alunos construíram o seu conhecimento a partir da ação e da observação que tiveram sobre os objetos de estudo, que neste caso foram as amostras de solo. A partir desta observação e ação que tiveram os alunos concluíram, sem ter nenhum prévio conhecimento sobre o assunto que quanto maior a partícula do solo a água vai passar mais facilmente o que é o caso da areia e quanto menor for à partícula mais tempo vai demorar a água passar, que é o caso da argila. Realmente estes conceitos de permeabilidade da água ficaram bem gravados para os alunos, pois sempre que questionados sobre o assunto os alunos sempre se lembram da experiência que fizeram e conseguem relacionar os conceitos com a prática realizada.

Segundo PIAGET, “o aluno é um sujeito cultural ativo cuja ação tem dupla dimensão: assimiladora e acomodadora. Pela dimensão assimiladora ele produz transformações no mundo objetivo, enquanto pela dimensão acomodadora produz transformações em si mesmo, no mundo subjetivo. Assimilação e acomodação constituem as duas faces, complementares entre si, de todas as suas ações.” Para a epistemologia genética a ação é promotora de aprendizagem. Piaget acreditava que a aprendizagem acontece a partir da ação do sujeito, sendo que essa ação pode ser física ou mental.

Estes dois processos buscam restabelecer um equilíbrio mental perturbado pelo contato com um dado incompatível com aquilo que se conhece até então (princípio de equilibração). No primeiro caso aquilo com que se entra em contato é assimilado por um esquema já existente que então se amplia, no segundo, o dado novo é incompatível com os esquemas já formulados e então se cria um novo esquema acomodando este novo conhecimento. Este novo esquema será então ampliado na medida em que o indivíduo estabelecer relações com seu meio.

No caso da atividade realizada em sala de aula os alunos agiram sobre os objetos e a partir desta ação foram construindo o seu conhecimento. Pois aparentemente para os alunos os solos todos eram iguais somente apontando como diferença a sua coloração, mas a partir de uma analise mais apurada onde puderam ver com mais atenção e principalmente tocar as amostras de solo eles tiveram que mudar este conceito e criar um novo esquema mental e criar um novo conceito: que quanto maior a partícula menos água ela irá reter. Com o tempo os alunos começam a perceber no próprio ambiente onde vivem ou dos lugares que freqüentam as mesmas ações acontecendo.

Como por exemplo, “quando choveu muito e a água ficou empossada, pois o solo era argiloso e como a areia da praia deixa a água do mar passar rápido por ela”. Com estas observações feitas pelos alunos pude perceber que houve a assimilação e a acomodação destes conteúdos construídos a partir da ação dos alunos sobre o objeto de aprendizagem.