segunda-feira, 27 de abril de 2009

Relato de experiência

Trabalho em duas escola da rede estadual de ensino. Pela manhã trabalho no Instituto estadual Coronel Genuíno Sampaio com uma turma de 3ª série/8anos. E na parte da tarde com uma 4ª série/8anos na Escola Estadual de Ensino Médio La Salle de Campo Bom.
Vou falar da escola Genuíno Sampaio que é o local onde trabalho mais tempo. No Genuíno temos algumas crianças com necessidades especiais, principalmente de aprendizagem, mas pelo número de alunos da escola que são 1600 alunos, os com necessidades especiais não chegam a 10. Talvez este fato se deva pela escola estar localizada no centro da cidade e aqui na cidade a maioria das crianças com necessidades especiais acabam frequentando a rede municipal, que dá mais assistência aos portadores de deficiencias. Apesar de no discurso estas mesmas vantagens estarem abertas para as escolas da rede estadual a preferência sempre é de quem está estudando na rede municipal.
Ano passado na minha turma tive um aluno com necessidades especiais na área cognitiva, principalmente na escrita e compreensão que seguindo uma recomendação da professora do ano anterior estava frequentando o NAE e quando ele veio para mim ele ainda frequentava no turno oposto. Um dia falando comigo ele disse que não gostava de ir no NAE porque lá ele só via gente doente e com problemas e ele se sentia muito mal com isso, apesar de ele estar frequentando a sala para reforço escolar e atendimento destas necessidades cognitivas que ele tinha.
Conversando com a mãe pedi que atendesse a vontade dele e fizessemos uma experiência sem o acompanhamento do NAE, da mesma forma como foi falado com ele para que se comprometesse a estudar e fazer as atividades extras que fossem solicitadas. Foi notória a mudança de comportamento do menino, pois antes ele era introspectivo, não participava e não rendia tanto quanto passou a render depois de parar de frequentar o NAE, senti nele uma confiança maior e até a sua aparência que antes parecia mais doentia mudou, pois não vivia angustiado achando que tinha algo de errado com ele. Depois de um tempo a mâe até brincava comigo dizendo que eu tinha levado ele para o mal caminho pois agora ele estava muito diferente, mais alegre.
Este relato meio as avessas que parece não ter nada a ver com a proposta deste dossiê serve para ilustrar como uma criança com dificuldades de aprendizagem se sentia em um ambiente onde predominavam pessoas portadoras de necessidades especiais. O que me pergunto é se este mesmo sentimento e esta mesma angustia não acompanha também aquele aluno com necessidades especiais em uma turma predominantemente normal?
Quero deixar bem claro que não estou desvalorizando o trabalho do NAE, muito pelo contrário adoraria que todas as crianças que necessitam seu atendimento pudessem contar com ele, independentemente da rede escolar que estudam.

Um comentário:

Melissa disse...

Oi Grace :-)
É um ótimo relato, sem dúvida.
Pensei muito nele e pensei comentar fazendo uns questionamentos. A idéia e continuar refletindo sobre o assunto, ok?!
O que me pergunto é se este mesmo sentimento e esta mesma angustia não acompanha também aquele aluno com necessidades especiais em uma turma predominantemente normal?
Chegou a pensar na possibilidade de procurar alguma pessoa com deficiência (de preferencia maior de idade) e conversa (questionar) com ele? Ou tentar pensar se fosse com você, o que você preferiria?
Beijinhos
Mmelissa