A função das diretrizes curriculares é estabelecer sim regras, mas provocando, desafiando e instigando cada escola a se desenhar e redesenhar constantemente.
[...] caracterizam-se como um conjunto articulado de princípios, critérios e procedimentos que devem ser observados pelos sistemas de ensino e pelas escolas na organização e no planejamento, na execução e na avaliação de seus cursos e respectivos projetos pedagógicos. (BRASIL/MEC/CNE – 2001).
Podemos dizer, então, que é possível conceber, planejar, instituir institucionalizar uma política de currículo de forma compartilhada entre União, Estado, município e escola, a partir de normas nacionais, estaduais, municipais (quando o município estiver constituído como Sistema de Ensino) e escolares (estabelecidas no PPP e no Regimento Escolar e aprovados pelos órgãos competentes de seu Sistema de Ensino), sempre permeada por valores presentes na sociedade.
Mas é no Plano de Estudos com suas definições em termos de espaços/tempos destinados aos diferentes conhecimentos escolares, que as DCN e as diretrizes curriculares estaduais ou locais ficam expressas com maior clareza. Em outras palavras:
Os Planos de Estudos constituirão a base para a elaboração do plano de trabalho de cada professor, de modo que seja preservada a integridade e a coerência do projeto pedagógico da escola. (parágrafo único do Art. 3ー da Resolução CEED/RS – nー 243/99).
Realmente é na sala de aula que as diretrizes curriculares são aplicadas, bem como as decisões tomadas pelo Conselho Escolar e o PPP da escola. Cabe a nós professores o cumprimento ou não destas decisões. ノ importantíssimo trabalhar de acordo com o que foi acordado no início de cada ano letivo, onde são estabelecidos os projetos que serão trabalhados durante o ano letivo, sempre em conformidade com o PPP, e de acordo com a clientela da escola.
O plano de estudos deve estar presente na sala de aula e ser um norte para o trabalho do professor para que com isso seu trabalho tenha uma continuidade e coerência. Ele deve ser flexível dando abertura para o momento do aluno e suas dúvidas.
Em ambas as escolas onde trabalho temos reuniões onde podemos trocar nossas experiências e comentar o que é possível fazer ou não, e também nestas reuniões fazemos os projetos que serão aplicados nas respectivas séries sobre os temas obrigatórios a serem trabalhados. Estes temas transversais são trabalhados em sala de aula ao nível de cada turma e de acordo com as determinações do PPP.
“Muitas vezes, a possibilidade da utilização de temas que transversalizam o currículo escolar, passando por dentro de todos os conteúdos é vista como um problema para alguns professores. Isso ocorre porque costumam interpretar como uma incumbência a mais de planejamento. No entanto, como muitos outros, entendemos a transversalidade como uma oportunidade para a problematização dos problemas sociais, mas, também, para a adoção de metodologias de trabalho escolar que promovam a interdisciplinaridade, superando as barreiras impostas pelo excessivo recorte curricular observado em algumas instituições.”(Maria Beatriz Gomes da Silva)
Essa transversalidade de conteúdos proporciona momentos diferentes que trazem muita riqueza para o estudo em sala de aula, bem como, a oportunidade de entrar em contato com muitas vezes culturas e pessoas diferentes daquelas do âmbito escolar.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ノtnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Parecer CNE/CP nコ 3, de 10 de março de 2004, Resolução CNE/CP nコ 1, de 17 de junho de 2004 e Parecer CNE/CEB nコ 2/2007, aprovado em 31 de janeiro de 2007).
Este ano trabalhei bastante o tema Consciência Negra e a história dos negros na cidade e no Estado, os momentos finais que foram o fechamento do projeto feito foram riquíssimos e deixaram os alunos encantados que foi uma aula de capoeira feita por um grupo que trabalha este tema com as escolas e outro momento foi a vinda de uma escola de samba para escola com seus projetos mostrando seu trabalho e falando um pouco sobre a sua história de luta.
Foi muito interessante para os alunos e principalmente diferente, pois ambas as cidades que trabalho são de colonização alemã e existem poucos negros estudando nas escolas o que fez com que para os alunos fosse algo completamente novo e diferente.